terça-feira, 14 de outubro de 2008

OS LANDMARKS

Irmão Edson Luiz Weiber (Gomes Leal) -ARLS Justiça Adonhiramita - COMAB - Cascavel - PR

Segundo Rizzardo da Camino, em seu Dicionário Maçônico o termo Landmarks em inglês significa “Limites”. Constituem os princípios fundamentais e tradicionais da Maçonaria. Todas as Leis maçônicas têm suas raízes nos Landmarks, isto significa dizer que tudo o que for proposto e/ou aceito como norma dentro da Instituição deve seguir seus princípios e postulados.

O vocábulo surgiu em 1721, no artigo 39 dos Regulamentos Gerais de Payne, e desde lá vêm sendo conservados com a curiosidade de que cada Rito os possui em maior ou menor numero.

Os Landmarks são considerados as mais antigas leis que regem a Maçonaria Universal, pelo que se caracteriza pela sua antiguidade, são um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha a unidade maçônica mundial.

Os Regulamentos, Estatutos e outras leis podem ser revogados, modificados ou anulados. Porém, os Landmarks, jamais poderão sofrer qualquer modificação ou alteração, são cláusulas pétreas, princípios que só podem ser modificados com o consenso universal o que é praticamente impossível.

Os Landmarks são da maior importância para os Maçons, se não fossem imutáveis, a tradição maçônica, que até nossos dias persiste, estaria mudada e os princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade hoje talvez não fizessem mais sentido.

Baseados nos usos e costumes de determinada época, não foram os Landmarks escritos, sancionados ou promulgados por nenhuma autoridade Maçônica, pelo contrário, sua aplicação foi se fortalecendo com o passar dos tempos.

Somente a partir do surgimento da Franco-Maçonaria em 1.717 os Landmarks passaram a ser coligidos e classificados e, desde então, praticados de forma universal nas comunidades Maçônicas.

Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores maçônicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. As potências Maçônicas latino-americanas, via de regra, adotam a classificação de vinte e cinco Landmarks compilada por Albert Galletin Mackey, nascido em Charleston nos Estados Unidos.

1.º - Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os Landmarks. Não admitem mudanças de qualquer espécie, pois, sempre que isso se deu, funestas conseqüências vieram demonstrar o erro cometido.

2.º - A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus é um Landmark que, mais do que nenhum, tem sido preservado de alterações, apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador. Certa falta de uniformidade sobre o ensinamento final da Ordem, no grau de Mestre, foi motivada por não ser o terceiro grau considerado como finalidade; daí o Real Arco e os Altos Graus no modo de conduzirem o neófito à grande finalidade da Maçonaria Simbólica. Em 1813, a Grande Loja da Inglaterra reivindicou este antigo Landmark, decretando que a Antiga Instituição Maçônica consistia nos três primeiros graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo o Santo Arco Real. Apesar de reconhecido por usa antiguidade, como um verdadeiro Landmark ele continua a ser violado.

3.º - A lenda do terceiro grau é um Landmark importante, cuja integridade tem sido respeitada. Nenhum Rito existe na Maçonaria, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa lenda. As fórmulas escritas podem variar e na verdade, variam; a lenda, porém, do construtor do Templo constitui a essência e a identidade da Maçonaria. Qualquer Rito, que a excluísse ou a alterasse, materialmente cessaria, por isso, de ser um Rito Maçônico.

4.º - O governo da Fraternidade por um Oficial que preside, denominado Grão-Mestre, eleito pelo povo Maçônico, é o quarto Landmark da Ordem. Muitas pessoas ignorante supõem que a eleição do Grão-Mestre se pratica em virtude de ser estabelecida em lei ou regulamento da Grande Loja. Nos anais da Instituição se encontram, porém, Grão-Mestres, muito antes de existirem Grandes Lojas, e, se o atual sistema de governo legislativo por Grandes Lojas fosse abolido, sempre seria preciso a existência de um Grão-Mestre.

5.º - A prerrogativa do Grão-Mestre de presidir a todas as reuniões maçônicas, feitas onde e quando se fizeram é o quinto Landmark. É em virtude desta lei, derivada de antiga usança, e não de qualquer decreto especial, que o Grão-Mestre ocupa o trono em todas as sessões de qualquer Loja subordinada, quando se ache presente.

6.º - A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais, é outro e importantíssimo Landmark. Os estatutos maçônicos exigem um mês, ou mais, para o tempo em que deva transcorrer entre a proposta e a recepção de um candidato. O Grão-Mestre, porém, tem o direito de pôr de lado, ou de dispensar, essa exigência, e permitir a iniciação imediata.

7.º - A prerrogativa que tem, o Grão-Mestre, de autorização, para fundar e manter Lojas, é outro importante Landmark. Em virtude dele, pode o Grão-mestre conceder o número suficiente de Mestres Maçons, o privilégio de se reunirem e conferirem graus. As Lojas assim constituídas chamam-se “Lojas Licenciadas”. Criadas pelo Grão-Mestre, só existem enquanto ele não resolva o contrário, podendo ser dissolvidas por ato seu. Podem viver um dia, um mês ou seis meses. Qualquer, porém, que seja o tempo de sua existência devem-na, exclusivamente, à graça do Grão-Mestre.

8.º - A prerrogativa do Grão-Mestre, de criar Maçons, por sua deliberação, é outro Landmark importante, que carece ser explicado, controvertida como tem sido a sua existência. O verdadeiro e único modo de exercer essa prerrogativa é o seguinte: O Grão-Mestre convoca em seu auxílio seis Mestres Maçons, pelo menos; forma uma Loja e, sem nenhuma prova prévia, confere os graus aos candidatos; findo isso, dissolve a Loja e despede os Irmãos. As Lojas convocadas por esse meio são chamadas “Lojas Ocasionais” ou de “Emergência”.

9.º - A necessidade de se congregarem os Maçons em Loja é outro Landmark. Os Landmarks da Ordem sempre prescreveram que os Maçons deviam congregar-se, com o fim de se entregarem a tarefas operativas, e que a essas reuniões fosse dado o nome de “Loja”. Antigamente, eram essas reuniões extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e, logo dissolvidas, separando-se os Irmãos para, de novo, se reunirem em outros pontos e em outra épocas, conforme as necessidades e as circunstâncias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos internos, Loja e Oficinas permanentes e contribuições anuais, são invocações puramente modernas, de um período relativamente recente.

10. - O governo da Fraternidade, quando congregado em Loja, por um Venerável e dois Vigilantes é também um Landmark. Qualquer reunião de Maçons, congregados sob qualquer outra direção, como, por exemplo, um presidente e dois vice-presidentes, não seria reconhecida como Loja. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial que no dia da consagração, é considerada como uma Carta Constitutiva.

11. - A necessidade de estar uma Loja a coberto, quando reunida, é um importante Landmark que não deve ser descuidado. Origina-se do caráter esotérico da Instituição. O cargo de Guarda do Templo que vela para que o lugar das reuniões esteja absolutamente vedado à intromissão de profanos, independe, em absoluto, de quaisquer leis de Grandes Lojas ou de Lojas subordinadas. E o seu dever, por esse Landmark é guardar a porta do Templo, evitando que se ouça o que dentro dele se passa.

12. - O direito representativo de cada Irmão, nas reuniões gerais da Fraternidade, é outro Landmark. Nas reuniões gerais, outrora chamadas Assembléias Gerais, todos os Irmãos, mesmo os simples Aprendiz, tinham o direito de tomar parte. Nas Grandes Lojas só tem direito de assistência os Veneráveis e os Vigilantes, na qualidade, porém, de representantes de todos os Irmãos das Lojas. Antigamente, cada Irmão se representava por si mesmo. Hoje, são representados por seu Oficiais. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1717, deixa de existir o direito de representação, firmado por este Landmark.

13. - O direito de recurso de cada Maçom das decisões dos seus Irmãos, em Loja, para a Grande Loja ou Assembléia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da justiça e para prevenir a opressão.

14. - O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja, é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo Irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões, por conveniência, da Família Maçônica Universal.

15. - Nenhum visitante, desconhecido aos Irmãos de uma Loja pode ser admitido à visita sem que, antes de tudo, seja examinado, conforme os antigos costumes. Esse exame só pode ser dispensado se o Maçom for conhecido de algum Irmão do Quadro que por ele se responsabilize.

16. - Nenhuma Loja pode intrometer-se em assuntos que digam respeito a outras, nem conferir graus a Irmãos de outros Quadros.

17. - Todo Maçom está sujeito às leis e Regulamentos da Jurisdição Maçônica em que residir, mesmo não sendo membro de qualquer Loja. A inafiliação é já em si uma falta maçônica.

18. - Por este Landmark os candidatos à iniciação devem ser isentos de defeitos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado, ou um escravo, não pode ingressar na Fraternidade.

19. - A crença no Grande Arquiteto do Universo, é um dos mais importantes Landmarks da Ordem. A negação dessa crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação.

20. - Subsidiariamente a essa crença, é exigida a crença em uma vida futura.

21. - É indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a verdade revelada pelo Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses Livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este Landmark, que um “Livro da Lei” seja parte indispensável dos utensílios de uma Loja.

22. - Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinções de prerrogativas profanas, de privilégios, que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.

23. - Este Landmark prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos por iniciação, tanto dos métodos de trabalho, como das suas lendas e tradições que só podem ser comunicadas a outros Irmãos.

24. - A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui outro Landmark. A preservação da lenda do Templo de Salomão, é outro fundamento deste Landmark.

25. - O último Landmark é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada podendo ser-lhes acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores. NOLONUM LEGES MUTARI.

São, portanto, eternos e imutáveis.

Enquanto a Maçonaria existir, os Landmarks serão os mesmos, como eram a séculos.

Referências bibliográficas:

CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico/Rizzardo da Camino. São Paulo: Madras, 2006.
JURADO, José Martins. Apontamentos: Maçonaria Adonhiramita. São Paulo: Madras, 2004.

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domingo, 7 de setembro de 2008

Senadores destacam luta da Maçonaria por ideais democráticos


Durante a sessão especial realizada pelo Senado para celebrar o Dia do Maçom, nesta quarta-feira (20 de agosto de 2008), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que "o momento é de restaurar a base ética do país, solapada por tantos escândalos". Ele acrescentou que a Maçonaria precisa "empunhar a bandeira da ética por todos os cantos do Brasil, lutando pelas garantias individuais, pela liberdade e pela honradez, como sempre fizeram no passado".
Alvaro Dias ressaltou que os ideais liberais e democráticos e o combate à ditadura estão entre os pilares do pensamento histórico dos maçons. Ele ressaltou ainda que esses ideais devem nortear os governantes e a população.
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), se os maçons "conseguiram a proclamação da república e a abolição, está na hora de lutarem para completar esse processo, porque a nossa república não está completa, a nossa abolição não está completa". Segundo Cristovam, apesar do desenvolvimento econômico, o Brasil não incorporou os ex-escravos nem os brancos pobres. Ele frisou que "a luta da Maçonaria no Brasil sempre ocorreu do lado certo".
O senador Romeu Tuma (PTB-SP), por sua vez, disse que a Maçonaria é uma associação universal de homens livres e de bons costumes que cultivam a justiça social e os princípios da liberdade, da democracia e da igualdade, sem prejuízo da fraternidade e do aperfeiçoamento intelectual.
Já Mão Santa (PMDB-PI) lembrou Rui Barbosa, que, segundo ele, simboliza os ideais da república defendida pelos maçons.
- Ele nunca chegou à Presidência da República, mas ninguém traduziu os sentimentos republicanos, e as bases éticas que lhes são necessárias, como o fez Rui Barbosa - afirmou o senador.
O senador José Nery (PSOL-PA) destacou que os maçons sempre difundiram a fraternidade e a liberdade entre os homens, e que é necessário consolidar no Brasil uma sociedade em que haja paz e justiça social. Ele declarou que os maçons podem contribuir, decisivamente, para tornar esse sonho uma realidade palpável.
Em relação à Amazônia, que, segundo José Nery, é destinatária de tanta cobiça e atitudes predatórias em relação a suas riquezas naturais, o senador defendeu a necessidade de se "cerrar fileiras" para defender seu destino. Segundo o senador, há quase 25 milhões de amazônidas que "não podem ficar alijados do desenvolvimento nacional".
O senador João Vicente Claudino (PTB-PI) saudou o mestre da Maçonaria de seu estado, Bernardo Sampaio Pereira, que, segundo ele, trabalhou muito para atenuar os problemas sociais e socorrer as populações carentes da região. O senador lembrou que, em outubro próximo, os maçons do Piauí vão comemorar o sesquicentenário de sua chegada ao estado, em 1858, com a criação da Loja Caridade II.
Segundo o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), a atividade dos maçons no país começou quando o Brasil ainda era colônia de Portugal. Ele também afirmou que a luta da Maçonaria pela democracia não cessou nem durante a ditadura militar, quando os maçons, destacou ele, defenderam a volta das eleições diretas, a anistia e a repatriação dos exilados.Ao encerrar a homenagem, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que presidiu a sessão, agradeceu a presença em Plenário de todos os maçons e não-maçons.

Fonte:Laura Fonseca e Geraldo Sobreira / Agência Senado

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Aspectos peculiares ao Rito adonhiramita

A DENOMINAÇÃO ADONHIRAMITA
O nome Adonhiramita consta da lenda da Ordem dos Cavaleiros Noaquitas que somente admitia como membros, maçons Adonhiramitas, possuidores do grau de Cavaleiro Rosa Cruz.
"Adonhiram, nome composto do hebreu Adon e de Hiran, isto é, Senhor Hiram. Hiram é usado aqui como 'autor da vida'."
Ainda:
"Adonhiram, nome hebreu composto de dois outros: Adon, que significa 'Senhor', e Hiram, que significa' altivez de vida'.
Chamam-no arquiteto do templo, não somente porque a verdadeira igreja segue os planos do Deus Supremo, mas também porque os Maçons estão persuadidos de que ele é o soberano Mestre de tudo".
Quanto à possibilidade de Adonhiram não ser o artífice Hiram Abif, verifica-se o seguinte:
"A Bíblia conhece um personagem chamado, segundo os Livros, Adonhiram (I Reis 4,6), Adoram (II Samuel20, 24), ou Hadoram (II Crônicas 10, 18). Trata-se, sob essas três grafias, do encarregado dos impostos de Davi, de Salomão e depois de Roboão. Ele foi apedrejado até a morte pelos israelitas das dez tribos que 'a partir desse dia foram infiéis à casa de Davi e a Judá'."
Ainda consta uma nota que elimina qualquer dúvida sobre o assunto:
"...Hiram fez um dos bens mais preciosos a Salomão, na pessoa de Adonhiram, saído de . seu sangue, filho de uma viúva da tribo de Nephtali: Seu pai chamava-se Hur, excelente operário na arquitetura e na fundição de metais. Salomão, conhecendo suas virtudes, seu mérito e se.us talentos, distinguiu-o com o posto mais eminente, dando-lhe a direção do templo e de todos os operários..."
Como se pode constatar pelos textos não existe qualquer contradição entre a lenda do mestre construtor ensinada nas sessões adonhiramitas em relação aos demais ritos.
Entretanto existe outra interpretação essencialmente fundamentada no texto bíblico, onde fica claro que o arquiteto do templo não teria sido Hiram Abif, e sim, Adonirão, ou Adonhiram. Hiram Abif, teria sido apenas o artífice das obras de arte:
"...Aduram presidia os trabalhos. Josafat, filho de Ailud, era o cronista."
"...Aisar, prefeito do palácio; e Adonirão, filho de Abda, dirigente dos trabalhos."
De fato, analisando-se atentamente as Escrituras, qualquer leitor será obrigado a concordar.
Não há qualquer menção ao artista natural de Tiro como dirigente dos trabalhos do Templo de Salomão. Este, quando citado, sempre é associado à atividade artesanal. O mesmo não ocorre com Adonhiram, várias vezes citado como dirigente dos trabalhos e, especificamente em II Crônicas 10, 18; é relatada a morte de Aduram, que a serviço do rei, foi assassinado, marcando o início da "dissidência da casa de Israel, que dura até hoje"
LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS E DOS VIGILANTES
O detalhe da colocação das Colunas nos templos adonhiramitas segue um raciocínio lógico: Sendo a orientação do Templo do Oriente para o Ocidente, considera-se o Oriente como referencia para a fixação do norte e sul, ou direita e esquerda. O texto bíblico assim retrata a colocação das Colunas:
"Hirão levantou as colunas no pórtico do templo; a coluna direita que chamou Jaquin, e a esquerda, que chamou Boaz. "(1 Reis, 7, 21-22).
Conforme consta nos Livros de Reis, as colossais Colunas foram erigidas no átrio do Templo de Salomão, e não no seu interior, conforme hoje as encontramos nos Templos Maçônicos. O principal ponto do Templo era o Santo dos Santos (Sanctum Sanctorum), que ficava além do salão destinado aos sacerdotes, a nave central.
Assim, qualquer referência sobre localização de suas peças decorativas, necessariamente seriam tomadas a partir daquele local sagrado, construído para guardar a Arca da Aliança que continha as Tábuas da Lei.
"Numa infinidade de lojas, dá-se como significado da palavra dos Aprendizes 'a força está em Deus e para a de Companheiro, 'a sabedoria está em Deus' ou 'perseverança no bem'. São erros imperdoáveis, contrários à razão, às leis da Maçonaria e à Sagrada Escritura: primeiramente, todos os Maçons concordam com o que a sabedoria procura inventar e a força, sustentar. Ora, não é ridículo querer sustentar o que ainda não existe? Em segundo lugar, a base da Maçonaria é a sabedoria; e a última prova que elimina todos as réplicas é que as interpretações dos nomes próprios da Bíblia dizem expressamente que é a coluna J que diz sabedoria e que a coluna B diz força: isto não é suficiente?"
O Primeiro Vigilante fica na Coluna do Sul, próximo à Coluna B, e o Segundo Vigilante, na Coluna do Norte, próximo à Coluna J.
ROMPIMENTO DA MARCHA
Os Adonhiramitas rompem a marcha com o pé direito, que era o costume dos Maçons Operativos quando entravam no sítio das construções. Esta prática não deve ser analisada sob qualquer inspiração oculta, fundamentada pela superstição.
A GRAVATA BRANCA
A gravata utilizada em loja do Rito Adonhiramita é de cor branca.
A gravata é uma peça indumentária de criação recente, inspirada nos cordéis utilizados para o fechamento da camisa antes da invenção dos botões, que terminava em um laço à altura do pescoço.
O vestuário maçônico utilizado pelos Adonhiramitas é composto pelo terno, sapato, e meias pretas. Camisa, gravata e luvas brancas. À exceção das luvas que têm um simbolismo próprio, as peças brancas do vestuário são aquelas consideradas peças interiores. A gravata é complemento da camisa, logo, parte integrante da camisa. Sendo a camisa branca, a gravata deve ser branca.
O TERNO PRETO E A UNIFORMIDADE DO VESTUÁRIO
Aparentemente, existe um rigor excessivo quanto a este detalhe. Entretanto não é um mero detalhe. O vestuário uniforme dos Maçons Adonhiramitas busca simbolizar a igualdade que deve existir entre todos os irmãos.
A uniformização nivela os irmãos, dissipando possíveis diferenças de caráter econômico ou social, demonstra também a disciplina do Maçom. Disciplina não como um fim em si, mas disciplina como meio de aperfeiçoamento.
Também a doutrina do rito está presente no elemento vestuário como exteriorização da disciplina maçônica. A origem desse costume remonta a própria origem da maçonaria e aos cavaleiros cruzados.
Os cruzados eram as ordens de cavalaria que surgiram no seio daquele movimento. Essas ordens tinham, dentre seus objetivos estabelecer a disciplina e a uniformidade dos costumes num universo de múltiplas nacionalidades, sem a qual, não sobreviveriam.
O CALÇAMENTO DAS LUVAS
Antes de dar entrada no Templo ocorre a cerimônia do calçamento das luvas, momento de rara beleza e significado, onde o Mestre de Cerimônias diz:
"...Meus Amados Irmãos, se desde a meia­noite, quando encerraram os nossos últimos trabalhos, conservastes as mãos limpas, calçai as vossas luvas... ".
Neste momento observa-se uma viagem interior ("Visita Interiora Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem - VITRIOL" - Visita o interior da Terra e, retificando, encontrarás a Pedra Oculta), uma viagem solitária e profunda, um resgate dos mais puros valores inerentes ao ser, a busca da própria alma. Uma viagem para a qual as condições sociais profanas, a cor, a raça, os credos políticos e os metais que distinguem o rico do pobre, tornam-se fardos desnecessários e incômodos.
Em seguida o Mestre de Cerimônias diz:
"...Silêncio meus irmãos, eu vos peço um momento de reflexão a fim de darmos ingresso no Templo".
Forma-se, neste momento, a Egrégora, uma reflexão agora coletiva elevada ao CRIADOR DO MUNDO, ao desejo da paz entre os homens de boa vontade; ao desejo que todos os homens sobre a face da terra se transformem em homens de boa vontade.
Aos desesperados para que encontrem a esperança. Aos tiranos para que encontrem o caminho da prática da justiça.
As luvas uniformizam as mãos. Tornam as mãos calejadas do operário tão macias quanto às mãos do intelectual, do médico, do engenheiro, etc., assim como se igualaram pelo uso uniforme das outras peças do vestuário. Simbolizam sobretudo a pureza, qualidade que deve estar presente em todos os atos de um maçom.
O CHAPÉU EA ESPADA DO MESTRE
O chapéu, assim como a espada, usados pelos Mestres do Rito Adonhiramita são, dentre os aspectos exteriores, as principais heranças de sua origem escocesa. Quando do seu estabelecimento na França, o então chamado "sistema escocês" era praticado quase que exclusivamente por membros da aristocracia, pessoas essas que possuíam o direito do uso do chapéu e da espada. Ao homem comum, tais objetos não eram permitidos, sobretudo a espada, símbolo de condição social elevada.
Inicialmente, era utilizado apenas dos graus "escoceses". Entretanto, assim como outros elementos, os praticantes dos altos graus começaram a introduzi-los nos graus simbólicos.
Dos ritos escoceses, apenas o Adonhiramita conservou o uso do chapéu e da espada pelos mestres, inclusive nas lojas de Aprendiz e Companheiro.
O NOME HISTÓRICO
A iniciação no Rito Adonhiramita contempla um batismo no qual o neófito recebe seu nome simbólico, histórico ou heróico, quando da sagração:
"...e, para que de profano nem o vosso nome vos reste, eu vos batizo com o nome histórico de..."
Sua origem, portanto, é de natureza iniciática, e não restrita à Ordem Maçônica.
A iniciação para o maçom é o nascimento para um mundo de luz. Sua condição de nascimento e vida no mundo profano perde toda a importância no interior do Templo.
Dentro do princípio da igualdade, um nome famoso que traduz distinção social e econômica no mundo profano seria um elemento atentatório à paz e harmonia que deve reinar em suas colunas, daí o nome simbólico para igualar aos demais.
AS DOZE PANCADAS ARGENTINAS
Todas as escolas iniciáticas chamavam seus membros ao trabalho através de sinais sonoros.
Verifica-se ainda nas cerimônias orientais o uso de tambores, buzinas, gongos, etc.
No cerimonial católico, o uso do sino, era o sinal para o início e término do culto, embora nos dias atuais esteja sendo gradativamente abandonado.
É sabido que a Maçonaria operativa utilizava-se dos átrios das catedrais em construção para ali realizarem suas sessões. Trata-se de uma prática assimilada ainda na idade média e preservada até nossos dias pelos Adonhiramitas.
As doze pancadas argentinas são o diapasão que estabelecem a "egrégora", criando uma sintonia única.
OS CERIMONIAIS DE INCENSAÇÃO E DO FOGO
A abertura dos trabalhos em uma Loja Adonhiramita é precedida pelos cerimoniais da incensação e do fogo. A incensação, desde os tempos primordiais, inclusive nos relatos bíblicos, era uma prática que simbolizava oferenda a Jeová. Além da oferenda, o incenso tem o caráter da purificação.
A incensação, inicia-se pelo Oriente, percorre o Ocidente purificando-o e ofertando ao Grande Arquiteto do Universo os suaves odores das mais puras resinas e sementes. Purificado o interior do Templo, purifica-se seu exterior. Os irmãos visitantes que permanecem ou virão a estar na Sala dos Passos Perdidos são a razão deste detalhe.
O cerimonial do fogo, análogo ao de incensação, traz a luz que vem do Oriente ao Ocidente iluminando e aquecendo os hemisférios, tomando-os habitáveis e férteis.
A conjugação do cerimonial da incensação e do fogo simboliza o que há de mais sublime nos trabalhos em loja maçônica. Antes de se evocar a proteção do SUPREMO, a Loja é purificada. A purificação é elevada como singela oferenda Àquele que é considerado O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO. Ele então se manifesta, assim como o fez no início, através da Luz que aquece e ilumina, dissipando as trevas e propiciando o mistério da vida.
A SAUDAÇÃO VIVAT, VIVAT, VIVAT
É a antiga saudação utilizada ainda no início do Século XVIII. No Rito Francês, após a Revolução Liberal de 1789, foi substituída por LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Na Loja de Coustos, em Lisboa (1741-1743), em Rituais no idioma francês, a saudação utilizada era o "VIVAT, VIVAT, VIVAT', conforme relata Oliveira Marques em sua História da Maçonaria em Portugal.
Tem o mesmo significado da antiga saudação escocesa que pronunciada HOUZÉ, HOUZÉ, HOUZÉ, deve ser grafada Huzza, Huzza, Huzza, cuja tradução do hebraico é VIVA, VIVA, VIVA, que em latim corresponde ao VIVAT, VIVAT, VIVAT.
EVANGELHO DE SÃO JOÃO
O Evangelho de São João é a principal característica herdada do escocismo. Era de uso geral em todas as lojas da França que admitiram a origem da Maçonaria ao tempo das Cruzadas. Ainda na obra de Oliveira Marques verifica-se a referência ao Evangelho de São João na Loja de Coustos. Tal referência é a reprodução do depoimento de Coustos à Inquisição Portuguesa (Processo n.o 10.115, folha 47-47v) que assim explicava a escolha:
"...que a razão e fundamento que têm os Mestres desta congregação para mandar tomar o juramento aos que entram de novo, sobre a Bíblia ou Livro dos Evangelhos, no lugar em que se acha o de São João, é a seguinte: porque, destruindo-se e arruinando-se o famoso Templo de Salomão, se achou debaixo da primeira pedra uma lâmina de bronze em que se achava esculpida a palavra seguinte - GEOVÁ - que quer dizer - DEUS - dando assim a entender que aquela fábrica e templo foi instituído e edificado em nome do mesmo Deus a quem se dedicava, sendo o mesmo Senhor o princípio e o fim de tão magnífica obra; e como, no Evangelho de São João, se acham as mesmas palavras e doutrina, por essa razão se manda tomar o juramento sobre aquele lugar, para assim mostrar que todo o instituto dessa congregação se vai fundando na mesma doutrina que Salomão observava de sua sumptuosa obra."
...Ajoelha com o joelho direito sobre um esquadro, - põe a mão direita sobre a Bíblia, aberta no Evangelho de São João, pega, com a mão esquerda, num compasso, colocando uma ponta sobre o peito esquerdo;.....
O TRATAMENTO AMADO IRMÃO
Amado Irmão é o tratamento utilizado pelos Adonhiramitas. Sua origem é desconhecida mas, reconhecidamente, sua adoção é antiga. É encontrado em antigos rituais do século XVIII:
"Em que golfo, em que vagos pensamentos, meus amadíssimos Irmãos, vos vejo ainda flutuando Ferrada sobre as âncoras, no porto mesmo, não deixa uma alterosa nau de flutuar incerta, ao vai e vem continuo das cavadas ondas"
Na 17.ª Ata da Assembléia do Povo Maçônico, do Grande Oriente, realizada em 04 de outubro de 1822, referindo-se à eleição e posse do Imperador D. Pedro I ao cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente, consta o seguinte trecho:
"...prestação do juramento do nosso muito amável e muito amado Irmão Guatimozin...".
A razão do tratamento "na atualidade justifica-se pela tradição, bem como demonstra no próprio chamamento os laços de amor fraterno que unem os maçons.
A LEI INICIÁTICA DO SILÊNCIO.
O nascimento simbolizado pela iniciação é procedido pelas fases de aprendizado e companheirismo. O homem novo, advento da ec1osão do óvulo iniciático no interior da terra (Câmara das reflexões) passará pelo processo de aculturamento. Aprenderá o significado oculto dos símbolos, somente acessível aos iniciados. Trata-se de uma nova linguagem.
Uma criança em tenra idade começa a aprender a falar quando começa a distinguir os sons.
Inicialmente os sons simbolizados pelas vogais, diz-se então que a criança está a "soletrar".
A combinação das letras resulta em outros sons de natureza mais complexa, para tanto, surgem as consoantes que dão origem às sílabas, passará então a criança a "silabar'.
Para o conhecimento da palavra, necessário se faz conhecer a letra e posteriormente a sílaba. Somente assim a palavra poderá ser utilizada de forma a se tomar compreensível e útil.
Mesmo no mundo profano os neófitos em qualquer ramo da atividade humana mais têm a ouvir e aprender que falar e ensinar.
Calar para ouvir, ouvir para aprender, aprender para ensinar.
O falar não é o elemento primordial em um sessão maçônica, notadamente do Rito Adonhiramita.
O Rito é reconhecidamente hermético, refletindo-se diretamente em sua liturgia. A interação entre os indivíduos se dá numa dimensão não física. É uma dimensão além dos sentidos não alcançada pela audição, olfato, tato, visão e locução.
A palavra é instrumento de transmissão, de convencimento. O trabalho maçônico transcende a necessidade do convencimento.
Aqueles que desconhecem a profundidade do sentido oculto da Lei Iniciática do Silêncio argumentam que o silêncio dos aprendizes e companheiros se confronta com o princípio maçônico da igualdade. Entretanto, há de se considerar que o princípio da igualdade não é ferido quando a eles é proibido o conhecimento dos sinais, toques e palavras dos demais graus.
Há "um tempo para cada coisa." (Eclesiastes, 3, 1-8).