domingo, 12 de julho de 2015

O ORGULHO, A VAIDADE E A IRA NO "MEIO MAÇÔNICO"

O PECADO é uma atitude humana contrária às leis divinas tendo sido definido pela Igreja Católica no final do século VI, durante o papado de Gregório Magno que anunciou para o mundo profano, os sete pecados capitais provenientes da natureza humana: avareza, gula, ira, luxúria, preguiça, soberba e vaidade.
Posteriormente, no século XIII, foram definitivamente incorporados e firmados pelo teólogo São Thomás de Aquino. Por questões práticas, no sentido de alcançar o nosso objetivo relativamente ao tema destacado, trataremos apenas dos três pecados capitais que permeiam com maior realce no nosso meio.
Neste sentido, necessário se faz que definamos cada pecado ou pelo menos identifiquemos suas principais características. Usamos o termo meio maçônico, entre aspas, no título deste artigo para destacar o antagonismo existente entre a postura que deve ser adotada nesse meio e os pecados capitais ou vícios de conduta citados, os quais, infelizmente, os percebemos.
Um dos sete pecados capitais que se manifesta nas pessoas na forma de ORGULHO e ARROGÂNCIA é a SOBERBA, termo que provém do latim superbia, é um sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando à manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais.
As manifestações de soberba podem ser demostradas de forma individual ou em grupo. Nos casos de grupos, escolhidos ou eleitos, se firma na crença de que é superior.
A manipulação da soberba, do orgulho e da pretensão de superioridade de um grupo pode mobilizar conflitos sociais, onde os sentimentos de uma massa humana pouco crítica servem aos interesses políticos, econômicos, ideológicos de seu lider.
O soberbo quer superar sempre os outros, mas quando é superado, logo se deixa dominar pela inveja. Quando se sente ameaçado, atingido, procura depreciar os outros e vangloriar-se, sem que para isso se estruture para se superar ou até fazer uma avaliação da vida, dando-se em determinado momento por satisfeito.
O soberbo produz desarmonia na sociedade como estratégia para manter a soberba e se colocar sempre em evidência. A sociedade se tornando harmônica, com todos os indivíduos sendo e vivendo de maneira igual, liberta e fraterna, não propiciará espaço para a soberba.
Agindo com humildade se consegue combater a soberba nas suas mais diversas formas, evitando a ostentação, contendo as vaidades e fazendo com que o soberbo olhe o mundo não apenas a partir de si, mas principalmente ao redor de si.
O orgulho como uma das formas de manifestação da soberba se traduz pela satisfação incondicional do soberbo ou quando seus  próprios valores são superestimados, acreditando ser melhor ou mais importante do que os outros, demostrando vaidade e ostentação que em limite extremo transforma-se em arrogância.
A arrogância é uma outra forma de manifestação da soberba. É o sentimento que caracteriza a falta de humildade. É comum conotar a pessoa que apresenta este sentimento como alguém que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo.
O orgulho excessivo e a vaidade sem limites que se traduz na arrogância, se mostra na forma de luta pelo poder econômico, pela posição social e pela perpetuação no poder.
Quando chega a ocupar cargo eletivo ou de nomeação busca impressionar os incautos, realçando o despotismo que trata  os súditos como escravos.
Diferentemente da ditadura ou da tirania, o despotismo não depende de o governante ter condições de se sobrepor ao povo, mas sim de o povo não ter condições de se expressar e auto-governar, deixando o poder nas mãos de apenas um, por medo e/ou por não saber o que fazer.
No Despotismo, segundo Montesquieu, apenas um só governa. É como não houvesse leis e regras, arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho.
A VAIDADE humana, como um dos sete pecados capitais, se manifesta nas pessoas pela preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros, pela posição social que busca ocupar na sociedade ou através de ocupação de cargos.
Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter algo valioso, mas é só para promover ostentação perante os outros.
Um ser humano invejoso, por sua vez, identifica com bastante facilidade um ser humano vaidoso, pois os dois vicios se complementam, um é objeto do outro.
Nos Ensaios de Montaigne há um capítulo sobre vaidade. Um escritor brasileiro, Flávio Gikovate, tem se dedicado a analisar a influência da vaidade na vida das pessoas e seus impactos na sociedade.
Uma das abordagens da vaidade na literatura é feita por Oscar Wilde no livro “O Retrato de Dorian Gray”, onde o principal tema é a vaidade do personagem Dorian, onde o jovem é ao mesmo tempo velho, e o velho é ao mesmo tempo novo.
Por fim, trataremos da IRA como pecado capital.
A ira é uma atitude que às pessoas manifestam pelo sentimento de vingança, de ódio, de raiva contra seus semelhantes ou às vezes até contra objetos.
É uma emoção negativa que aniquila a capacidade de pensar e de resolver os problemas que a originam.
Sempre que projetamos a ira a outro ser humano, produz-se a derrubada de nossa própria imagem e isto nunca é conveniente no mundo das inter-relações.
A ira combina-se com o orgulho, com a presunção e até com a auto-suficiência. A frustração, o medo, a dúvida e a culpa originam os processos da ira. A ira humana facilmente se torna pecaminosa.
Quando começamos a defender nosso Ego, quando atacamos alguém ao invés de atacar o erro dele, quando a chama da ira é alimentada, ela se torna um fogo que destrói.
Feitas as devidas considerações sobre o conjunto de alguns vícios da conduta humana ou pecados capitais, vamos nos transportar para o meio maçônico e estabelecer uma relação de homomorfismo para que possamos fazer uma reflexão sobre algumas práticas que constatamos no nosso cotidiano.
O comportamento de um maçom, segundo os ditames da nossa Sublime Ordem, deve ser irreparável.
Não se deve, nem se pode, adotar ação alguma que realce soberba, vaidade e ira, sobretudo quando essa ação é praticada por irmão que é autoridade maçônica, que ocupa cargo maçônico eletivo ou de nomeação.
Em caso de comportamento ou ação que comprometem a imagem da nossa ordem e atentam contra os postulados universais da Maçonaria.
Deve seu autor ser alertado por qualquer irmão que perceba o desvirtuamento no sentido de que o mesmo possa proceder a correção do seu comportamento ou ação.
O Irmão alertado deve receber a observação de forma natural entendendo que o irmão que o alertou o fez no sentido de promover a sua melhoria, o seu crescimento.
Nunca deve reagir com ira.
A excelência da Maçonaria se ergue sobre o suporte da Fraternidade e não do Ódio.
O irmão deve ter humildade suficiente para compreender o reparo. Não deve ser soberbo nem vaidoso e receber a crítica como construtiva, principalmente pelo fato de ocupar cargo maçônico.
Não há demerito para a autoridade maçônica quando é alertada por um irmão hierarquicamente inferior. Em primeiro lugar está o irmão maçom não a autoridade maçônica.
O Maçom tem por dever cavar masmorras aos vícios em todas as suas formas, inclusive aos vícios de conduta aqui anunciados, pois assim, estará levantando templos às virtudes e, por conseguinte, fazendo novos progressos.
As atitudes que expressam, com clareza, esses pecados capitais, esses sentimentos pífios e inconseqüentes, que levam ao desânimo àqueles maçons que podem afirmar com toda propriedade “MEUS IRMÃOS COMO TAL ME RECONHECEM”, devem ser banidas do nosso meio.
As autoridades Maçônicas constituídas têm que asseverar a hierarquia sim, mas não cometer excessos.
Tem que conhecer, e conhecer bem a disciplina.
A disciplina e a hierarquia são sustentáculos da Maçonaria, logo, o verdadeiro Maçom deve ser um homem disciplinado e que respeita a hierarquia.
O Maçom disciplinado é instruído, não é propenso a soberba, nem a vaidade e nem a ira.
O Maçom não tem orgulho, tem honra. O Maçom não tem vaidade, tem felicidade. O Maçom não tem ira, tem irresignação.
A disciplina se constitui de um conjunto de ações planejadas e coordenadas que obedecem regras, leis.
Portanto, para exercitar a disciplina precisamos nos deter aos ensinamentos maçônicos contidos na Prancheta de Traçar, na régua de 24 polegadas, no esquadro e no compasso.
Não podemos agir de forma desordenada, indisciplinada e exigirmos que os outros façam de forma diferente. Os nossos atos falam mais do que as nossas próprias palavras.
A Pior coisa que existe é o Maçom dar um bom conselho e em seguida um mau exemplo.
Valendo-me das sábias palavras do meu pranteado pai, que dizia: “meu filho se você quiser saber quem é a pessoa, não preste atenção o que ela diz, preste atenção o que ela faz”, pelo direito hereditário que me assiste, vou plagiar a máxima do meu velho e dizer: “meus irmãos se quiseres saber quem é o maçom, não preste atenção ao que ele diz e escreve, preste atenção ao que ele faz”.
O verdadeiro maçom se faz ser reconhecido, não pelas suas palavras, mas sim, pelos seus atos.
A maior autoridade é o exemplo. Quando recebemos críticas, sobretudo críticas construtivas, precisamos ser disciplinados para ouvi-las, processá-las, fazer uma auto-avaliação e uma reflexão para melhorar nossos procedimentos, adequando-os as regras do bom convívio.
Precisamos dar bons exemplos, principalmente, para Aprendizes e Companheiros, eles precisam de bons ensinamentos, eles precisam serem bem instruídos, eles precisam de referência para defenderem a nossa Sublime Instituição.
Um Maçom disciplinado, instruído, é um maçom humilde, dedicado, útil, competente nos Augustos Mistérios.
Não é soberbo, não tem vaidade e não tem ira.
Nunca oportunista e inconsequente, nunca com comportamento de desrespeito aos Irmãos e aos nossos Templos Sagrados. Temos que fazer de nossos Templos, além do natural relicário da Fraternidade, centros operativos de Cultura e Civismo, na sustentação dos supremos fins de Liberdade, Justiça e Paz.
Um Maçom disciplinado, instruído, dificilmente será manipulado para se tornar massa de manobra e se deixar levar por ofertas de medalhas, títulos, cargos e elogios.
Um Maçom disciplinado e instruído ao ocupar cargos maçônicos jamais se transformará em um déspota.
Um Maçom disciplinado respeita às autoridades constituídas e os seus irmãos outros por entender, na essência, o estado democrático de direito, a importância administrativa e política desses cargos e o papel de cada um desses irmãos no processo de democratização da sociedade.
O maçom disciplinado entende que a livre expressão do pensamento como direito fundamental do homem em qualquer seguimento da sociedade moderna, sobretudo em uma sociedade maçônica, deve ser exercido na sua plenitude para transformação da sociedade na busca de melhores dia.
Um maçom disciplinado e instruído ver na autoridade maçônica, primeiro um irmão, não um superior hierárquico, e por este fato, exige comportamento maçônico deste.
As autoridades constituídas, mais que os demais irmãos maçons que não ocupam cargos, tem por obrigação dar bons exemplos.
A hierarquia e a disciplina, sobretudo a disciplina, têm levado a nossa Sublime Ordem a obter a confiança e o respeito da sociedade em todo orbi terrestre, contudo, é necessário que se saiba que de quando em vez nos deparamos com alguns irmãos que atropelam os limites e passam a claudicar no exercício do seu desiderato, promovendo a desarmonia, provocando a discórdia e, consequentemente, gerando a indisciplina.
O maçom pode e deve discordar de uma autoridade maçônica constituída quando esta não desempenha o seu cargo com dignidade, probidade, humildade e competência.
Logicamente, é preciso que seja feito dentro dos padrões de civilidade e de urbanidade, sem ira, com contestações fundamentadas e nunca levianas, uma contestação responsável que exija dessa autoridade o fiel cumprimento dos encargos que o cargo lhe impõe por estrita obrigação do dever.
O respeito à hierarquia deve acontecer visando servir à instituição e não à pessoas.
A nossa capacidade de opinar sobre a vida política e administrativa da nossa Obediência obtém maior expressividade no ato do voto, que é secreto, quando elegemos nossos representantes, quando elegemos um irmão para um cargo maçônico.
Lamentamos que os membros dos tribunais maçônicos, ainda, não sejam eleitos pelo povo maçônico.
ORGULHO, VAIDADE e IRA, essa trilogia não é nossa. Precisamos bani-la do nosso meio. Só depende de você, só depende de nós.

Otacílio Batista de Almeida Filho
Campina Grande - PB

SÃO JOÃO PADROEIRO DA MAÇONARIA: MAS QUAL JOÃO?

São vários o João que acusam na história como Santos e Padroeiros de alguma entidade ou Instituição, no entanto, esta variedade não é tanta quando se trata do possível padroeiro da Maçonaria. Há três vertentes sobre o verdadeiro padroeiro da Maçonaria e por conta disso a dificuldade de se definir ao certo qual dos João é o padroeiro da Sublime Ordem. Tenho a minha preferência, e essa é a tônica dos artigos pesquisados, e após estudo na rede internacional de computadores é o que parecer ser a tônica das pesquisas, ou seja, a fonte de opção de qual dos João é o verdadeiro padroeiro dos maçons passa por uma escolha mais de ordem pessoal do que praticamente científica.

Corrobora com esta minha análise o que ensina o Ir.’. José Roberto Cardoso da Augusta e Regular Loja Simbólica Estrela D’Alva, n. 16, das Grandes Lojas Maçônicas do Distrito Federal, que publicou em seu Blog interessante artigo abordando a escassez de material na nossa cultura ocidental sobre o Patrono da Maçonaria ser, como cem por cento de certeza, São João Esmoler, ou de Jerusalém, como preferirem porque é a mesma pessoa.

Ressalta o autor que “No hemisfério sul há carência de documentos, obras literárias e científicas bem fundamentadas sobre a Arte Real para serem manuseadas e analisadas.” (1)
Importante ressaltar que o texto referido do Ir.’. das Grandes Lojas Maçônicas do Distrito Federal apresenta base bibliográfica o que demonstra maturidade e responsabilidade acadêmica no trato do estudo sobre os mistérios da Sublime Ordem. Para registro, as teorias antes aventadas de que há três possíveis patronos da Maçonaria apontam da seguinte forma para cada um dos Santos. A primeira vertente aponta como padroeiro da maçonaria o João Batista, primo de Jesus Cristo, denominado batista por que era aquele que batizava no Rio Jordão e trazia a boa nova, qual seja, a vinda do nosso salvador Jesus Cristo. Essa primeira corrente pode subdividi-la em duas, naqueles que associam João Batista (2) como padroeiro de nossa ordem pela forma como foi morto, pois foi decapitado pela vontade e luxúria de Salomé, sobrinha do Rei, que queria ter com João Batista, sendo ele fiel a seus princípios negou a vontade da sobrinha do Rei, perdendo por conta dessa negativa a sua cabeça pela decapitação. Já a segunda, bem lógica por sinal, vincula o nascimento de João Batista em 24 de junho ao nascimento das Grandes Lojas Inglesas em 24 de junho de 1717. (3)

Já a segunda vertente versa sobre João Evangelista, o discípulo de Jesus Cristo que escreveu três livros importantes do Livro da Lei, entre eles o Livro do Apocalipse. Essa teoria do João Evangelista como padroeiro vincula a data de 27 de dezembro como a data de seu nascimento. Coincidentemente, ambas as datas, tanto 24 de junho quanto 27 de dezembro vincula-se o primeiro ao equinócio de inverno no hemisfério norte e o solstício de verão no hemisfério sul. Sendo estas datas então consideradas pela Maçonaria como de suma importância porque trata de um astro importante que emite luz, ou seja, o sol, contra as trevas, o que a Sublime Ordem combate.

A tradição versa sobre a comemoração das datas do deus Janio que na forma pagã era comemorada na data dos equinócios tanto de inverno quanto de verão, cultura pagã que o Cristianismo tratou de subtrair impondo datas comemorativas iguais, mas com cunho Cristão.

Nessa luta a igreja teve que adotar determinados costumes e incutir na cabeça dos soldados romanos a idéia de que Jesus havia nascido no mesmo dia em que nasceu o “Sol Invictus”. Aliás, a grande maioria dos deuses pagãos da antiguidade tinham seus nascimentos comemorados no solstício de Inverno. (4)

A terceira teoria vincula como padroeiro da Maçonaria o Santo canonizado pelo Papa no século VII, chamado de São João Esmoler, ou São João de Jerusalém. Passo a explicar os motivos pelos quais me vinculo a esta teoria.

A história relata que no ano 500 d.c, na Ilha de Chipre, nasceu o filho do Rei que ao longo de sua vida dedicara a benevolência e benfeitorias, assim como ao exercício da ponderação e tolerância. Esse príncipe cresce e na vida adulta perde por doença grave esposa e dois filhos retomando com esta perda o antigo sonho de dedicar-se a benevolência. Com isso assume definitivamente o dom do sacerdócio, vinculando-se a Ordem Benenditina.(5) Por suas obras vinculadas ao cuidado de visitantes que se lançavam a visitar a Terra Santa foi canonizado pelo papa no Século VII.

Já no século XI com as Primeiras Cruzadas houve a necessidade de amparar os fieis do Cristianismo que se lançavam a Terra Santa para a visita ao Santo Sepulcro porque havia na época saques e violência de toda ordem lançadas e decorrentes da guerra entre Muçulmanos e Cristãos.

A Ordem de Malta (oficialmente Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, também conhecida por Ordem do Hospital, Ordem de S. João de Jerusalém, Ordem de S. João de Rodes, etc.), era uma ordem católica que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra Santa, durante as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa Ordem militar cristã, numa congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos àquela terra.(6)

Então no ano aproximado de 1099 foi criada, na cidade de Jerusalém, a Ordem dos Templários Hospitaleiros, com cunho na história e ensinamentos deixados pelo Santo Beneditino São João de Jerusalém, ou São João Esmoler. (7)  Esse Santo se aproxima da Maçonaria hora pela sua benemerência e pela criação da hospitalaria presente até os dias de hoje na Sublime Ordem. Em 1797 era comum o tratamento oficial entre Lojas Maçônicas da seguinte forma: ‘Da Loja do Santo João de Jerusalém, sob o nome distintivo de _________Loja Nº __________.’(8)

Questionamento realizado para o visitante nos trabalhos na Oficina. Também se aproxima da Maçonaria este Santo por conta da reconstrução dos templos destruídos dos Maçons que ele ordenou a reconstrução, vejamos que no:

No manual de Bezot, ele escreveu suas razões para pensar que este Santo era o patrono original da Maçonaria e, assim, o santo mencionado na Loja do Santo São João: ‘Ele deixou seu país e a esperança de um trono para ir a Jerusalém, a quem ele generosamente ajudou e assistiu os cavaleiros e peregrinos. Ele fundou um hospital e organizou uma fraternidade para assistir aos cristãos doentes e feridos, e prestar ajuda pecuniária aos peregrinos que visitavam o Santo Sepulcro. São João, que era digno de se tornar o patrono de uma sociedade cujo único objeto é a caridade, expôs sua vida mil vezes em prol da virtude. Nem a guerra, nem a peste, nem a fúria dos infiéis, podia impedir suas atividades de benevolência. Mas a morte, finalmente, o impediu no meio de seus trabalhos. No entanto, ele deixou o exemplo de suas virtudes aos Irmãos, que fizeram seu dever esforçar-se por imitá-las. Roma o canonizou com o nome de São João, o Esmoler ou São João de Jerusalém, e os Maçons – cujos templos, destruídos pelos bárbaros, que ele fez reconstruir – o selecionaram por unanimidade como seu patrono.’ (9)

Esse texto foi escrito por um dos primeiros Maçons Franceses da História, conforme o artigo publicado pelo Ir.’. Bezot. São João Esmoler era conhecido pela propagação da ponderação e da tolerância. Na Alexandria resolvia conflitos com base nesses dois princípios que são elementos preponderantes na Sublime Ordem hoje.

Todas as quartas e sextas-feiras João se sentava no banco do lado de fora da igreja, apaziguava brigas, arbitrava as disputas, dava conselhos, ouvia as reclamações dos necessitados e procurava corrigir os erros e neutralizar o ódio que estavam prejudicando aquelas pessoas. Ninguém era insignificante para não ter a sua atenção. Desarmava sempre os inimigos usando sua humildade e as vezes até se ajoelhava a seus pés para pedir perdão. (10)

São João de Jerusalém foi escolhido Padroeiro da Maçonaria porque seus ideais eram idênticos aos ideais Maçônicos como a fraternidade, a liberdade e a igualdade: “São João foi escolhido como patrono da Maçonaria devido aos seus ideais que combinavam com a doutrina maçônica. É por essa razão que todas as Lojas são abertas e dedicadas em sua homenagem.”(11)  Logo, posiciono-me no sentido de concordar com os Irmãos que se vinculam a teoria de que São João o Esmoler é o padroeiro da Maçonaria.

Eis aí, portanto, a razão das Lojas maçônicas, até hoje, serem conhecidas como Lojas de São João.Vem desses irmãos cavaleiros, não só a tradição arquitetônica, propriamente dita, aplicada especialmente na construção de asilos, hospitais, mosteiros e outras obras públicas, mas principalmente a atuação filantrópica que se observa na Ordem maçônica. Tanto que Lojas de hoje ainda se mantém a tradição de nomear um irmão “hospitaleiro” para recolher as contribuições dos irmãos para o “hospital”. (12)

Logo, desde então, se mantém a tradição de que as Lojas, quando iniciados os trabalhos e quando finalizados evoca-se a São João, sendo então João de Jerusalém, pessoa integra que dedicara a vida a fazer o bem as pessoas, como o exercício da ponderação, benevolência e a tolerância. Sejamos então mais tolerantes Ir.’..



Tiago Oliveira de Castilhos
Porto Alegre - RS

NOTAS:

CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. Disponível em: http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html (acesso em 21 abr. 2014).
CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html (acesso em 21 abr. 2014)
REIS, Sérgio Crisóstomo dos. A Maçonaria de São João. Disponível em: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/9-a-maconaria-de-sao-joao.html (acesso em: 23 de abr. 2014)
CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. Disponível em: http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html (acesso em 21 abr. 2014).
CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. Disponível em: http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html (acesso em 21 abr. 2014).
Cavaleiros de Malta: Ordem da Cruz. Disponível em: http://ordemdacruz.webnode.com.br/malt%C3%AAses/ (acesso em 23 abr. 2014)
Cavaleiros de Malta: Ordem da Cruz. Disponível em: http://ordemdacruz.webnode.com.br/malt%C3%AAses/ (acesso em 23 abr. 2014)
HALPAUS, Ed. Da Loja do Santo João de Jerusalém. Tradução e José Filardo, p. 1. Disponível em: http://bibliot3ca.wordpress.com/da-loja-do-santo-sao-joao-em-jerusalem/ (acesso em: 21 abr. 2014 - In: Mackey’s Encyclopedia of Freemasonry – Clegg Edition Volume)
HALPAUS, Ed. Da Loja do Santo João de Jerusalém. Tradução e José Filardo, p. 1 e 2. Disponível em: http://bibliot3ca.wordpress.com/da-loja-do-santo-sao-joao-em-jerusalem/ (acesso em: 21 abr. 2014)
Além do último grau: São João de Jerusalém. Disponível em: http://alemdoultimograu.blogspot.com.br/2013/01/sao-joao-de-jerusalem.html (acesso em: 21 abr. 2014)
Além do último grau: São João de Jerusalém. Disponível em: http://alemdoultimograu.blogspot.com.br/2013/01/sao-joao-de-jerusalem.html (acesso em: 21 abr. 2014)
CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. Disponível em: http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html (acesso em 21 abr. 2014).


BIBIOGRAFIA:

Além do último grau: São João de Jerusalém. Disponível em: http://alemdoultimograu.blogspot.com.br/2013/01/sao-joao-de-jerusalem.html
CARDOSO, José Roberto. Livres Pensadores: São João, o Esmoler, nosso patrono. Disponível em: http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/06/sao-joao-de-jerusalem-o-esmoler-nosso.html
Cavaleiros de Malta: Ordem da Cruz. Disponível em: http://ordemdacruz.webnode.com.br/malt%C3%AAses/
Cavaleiros Hospitalários - Idade Média – InfoEscola. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/cavaleiros-hospitalarios/
HALPAUS, Ed. Da Loja do Santo João de Jerusalém. Tradução e José Filardo. Disponível em: http://bibliot3ca.wordpress.com/da-loja-do-santo-sao-joao-em-jerusalem/
MORAIS, Antônio Luiz. Loja de São João. Disponível em: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/95-loja-de-sao-joao.html
REIS, Sérgio Crisóstomo dos. A Maçonaria de São João. Disponível em: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/9-a-maconaria-de-sao-joao.html
OLIVEIRA, Waldemartins Bueno. O Verdadeiro Patrono da Maçônaria - São João de Jerusalém. Disponível em:  http://www.revistauniversomaconico.com.br/tempo-de-estudos/o-verdadeiro-patrono-da-maconaria-sao-joao-de-jerusalem/
PINTO, Silva. Porque apenas Lojas de São João. Disponível em: http://www.lojasmaconicas.com.br/artigo2/lsjoao.htm
WALDEMAR. São João de Jerusalém Patrono da Maçonaria. Disponível em:http://www.sjj595.com.br/

Fonte: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/310-sao-joao-padroeiro-da-maconaria-mas-qual-joao.html

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

AS TRÊS GRANDES LUZES EMBLEMÁTICAS DA MAÇONARIA

Na iniciação maçônica, após o juramento e ao receber a Luz, o neófito, defronta-se imediatamente com as três grandes Luzes emblemáticas da Maçonaria universal que encontram-se sobre o Altar dos Juramentos: O Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei.
Neste momento, a recepção da Luz é o ponto culminante de sua iniciação maçônica, tendo como objetivo maior a relação que une o ser a Deus.
Quando o maçom põe a mão nua e faz o juramento sobre as três Grandes Luzes da Maçonaria - o Livro da Lei Sagrada, o Compasso e o Esquadro -, ele assume um compromisso pelo Homem inteiro, com todas as suas qualidades e defeitos, com suas forças e suas imperfeições, confiando em que o contato entre essas três Grandes Luzes e si próprio redundará no seu aperfeiçoamento.
Este ato solene é realizado em presença do Grande Arquiteto do Universo, quando adquire um caráter espiritual, comprometendo a consciência religiosa do ser homem. Nestas condições, a sua Honra e a sua Fé dão garantia da legitimidade de suas afirmações.
Partindo desta premissa, cumpre-nos a tarefa de pincelar nos parágrafos ulteriores, alguns dos significados individuais e conjuntos das Três Grandes Luzes da Maçonaria.

O COMPASSO
O Maçom aplica esta ferramenta às suas morais. Nesse sentido: “O compasso nos lembra da ferramenta da justiça infalível e imparcial do Grande Arquiteto. Depois de definir os limites do bem e do mal para nossa instrução, ele nos recompensará, ou punirá, por termos obedecido ou desrespeitado seus comandos divinos(…)”.
Com o Compasso podemos traçar e desenhar o círculo espelhado para o infinito, centralizado pelo ponto que pode representar o início de toda a evolução, o ovo cósmico.
Ao abrir e fechar suas pontas delimita espaços. Representa a Justiça e nos ensina o princípio e o fim de nossas prerrogativas. Na ação como instrumento figura a dualidade de suas hastes e a união destas na sua junção. É nisto que se exprime um dos mais sublimes preceitos maçônicos, ou seja, o da união, da harmonia e do amor entre os maçons (Vide Laços Fraternais, Corda de 81 nós).
Ele é composto de dois braços articulados e ligados pôr um eixo. Com ele descrevem-se círculos cujo centro ele indica nitidamente, assim como os raios e o diâmetro. Tais círculos serão a delimitação do trabalho maçônico na sociedade, e internamente, construindo o Templo.
O compasso, portanto, é a imagem do pensamento nos diversos círculos que ele percorre; o afastamento de seus braços e sua aproximação representam os diferentes modos do raciocínio que, de acordo com as circunstâncias, devem ser abundantes e amplos, ou precisos e estreitos, mas sempre claros e persuasivos. O absoluto e o Relativo estão representados pela ação do Compasso, que é também a figura da dualidade (braços) e da união (a cabeça do Compasso). Por esta razão adota a Maçonaria o Compasso como um de seus grandes símbolos, e coloca-o sobre o Altar da Loja, enlaçado com o Esquadro para simbolizar o Macrocosmo, e o Livro da Lei para significar a sabedoria que ilumina e dirige tanto o Macrocosmo (conjunto de todos os corpos que constituem o universo) como o Microcosmo (o Maçom) representado pelo Esquadro. Os três são assim considerados as grandes jóias e as grandes luzes da Maçonaria.
Deste modo, o compasso sobre o Livro da lei representa o princípio divino enunciado pelo Grande Arquiteto do Universo, que deve ser manifestado tanto no cosmos quanto no indivíduo, permitindo que os dois funcionem e sejam compreendidos de acordo com as leis que governam o universo.

O ESQUADRO
Por sua vez, o Esquadro, para execução dos projetos é imprescindível, significando como que a base de um edifício. É um instrumento muito útil para traçar ângulos retos, baseado no teorema de Pitágoras. Podemos aplicar este teorema ao nosso comportamento na vida profana, onde as linhas retas do esquadro podem indicar-nos o caminho mais curto para a prática das virtudes.
Esquadro significa a retidão, limitada por duas linhas: uma horizontal, que representa a trajetória a percorrer na Terra, ou seja, o determinismo, o destino; e outra vertical, o caminho para cima, dirigindo-se ao cosmo, ao universo, ao infinito, a Deus. Também simboliza a carne, o corpo físico.
O Esquadro (do latim exquadra e exquadrare, esquadrar) é um instrumento, cuja propriedade é tornar os corpos quadrados; com ele seria impossível fazer um corpo redondo.
Simboliza, portanto, a importância de ajustar os cantos retangulares dos edifícios e a necessidade de colocar a matéria bruta na forma certa. O esquadro nos ensina a regular nossas vidas e ações segundo a linha e regra maçônica, e a harmonizar nossa conduta nesta vida para nos tornar aceitáveis a esse ser divino de quem toda a bondade emana e a quem prestamos contadas de nossas ações.  Assim, segundo a doutrina de ROBERT LOMAS:
“Com a ajuda do esquadro, a matéria bruta é colocada na forma certa. Usando-o, os Irmãos conseguem resolver quaisquer animosidades que surgirem entre eles, para o negócio da Maçonaria ser conduzido com harmonia e decoro. Logo, o Esquadro ensina moralidade e como regular nossas ações”.
É certo que cada Loja é comandada por um Venerável Mestre e ele é auxiliado pelos Primeiro e Segundo Vigilantes. Cada um tem uma função na administração da Loja, e isso é marcado por um símbolo de ofício e uma explicação ritualística, metafórica e poética.
O Papel do Venerável Mestre é empregar e instruir os Irmãos na Maçonaria: “Assim, como o sol aparece no Oriente para principiar a sua carreira e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas luzes.”
O Venerável usa o Esquadro como uma jóia pendurada em seu cordão; nesse Esquadro, os dois braços não são iguais, estão numa relação de três por quatro. Em geral, ele é adornado em seu anverso, o que implica um sentido bem definido. Sobre o peito do Venerável, o braço mais longo fica do lado direito; assimila-se assim a preponderância do ativo (lado direito) sobre o passivo (lado esquerdo); significa que a vontade de um chefe de Loja só pode ter um sentido, o dos estatutos da Ordem, e que ela só deve agir de uma maneira: a do bem.
Simboliza a Eqüidade, Justiça e Retidão, e constitui a jóia do cargo de Venerável, porque este deve ser o maçom mais reto e justo da Loja. Em conjugação com o compasso, que representa Deus (Espirito), para o qual deve o iniciado dirigir constantemente suas aspirações, o Esquadro substitui o quadrado para representar o mundo, ou o eu inferior com seus desejos e paixões subjugadas e dominadas, e recorda aos maçons que devemos buscar à sua fonte de origem e desprendermos-nos das ilusões terrenas. Por isto se diz que o verdadeiro maçom se encontra sempre entre o Esquadro e o Compasso.
Nos três graus simbólicos é o símbolo da retidão e disciplina maçônica: o Aprendiz e o Companheiro o usam como sinal de Ordem e marcham com os pés formando esquadro, e o Mestre o adota igualmente em sua marcha.
É sabido que, nenhuma Loja Maçônica regular, desenvolve seus trabalhos sem que o Esquadro, o Compasso e o volume da Ciência Sagrada (Livro da Lei), estejam no Altar dos Juramentos, aberto no Grau que à Loja esteja desenvolvendo.
Portanto, o Esquadro é o símbolo da retidão e nos ensina a permanecermos fiéis aos princípios maçônicos.

O LIVRO DA LEI
Ao pleitearmos o ingresso na vida maçônica, tomamos ciência de que embora não seja a maçonaria uma religião, necessária se faz a crença em um Princípio Criador, o qual depois de iniciados denominamos “O Grande Arquiteto do Universo”. Mais ainda, logo que conhecemos os Landmarks, vemos que esta crença é de suma importância, como a vida futura também assim o é, e que é indispensável, no Altar, estar o Livro da Lei.
A sua leitura é feita em todas as sessões, independente do grau, e tem por finalidade, embora seja certa a onipresença de Deus, invocar a benção do Grande Arquiteto do Universo para os trabalhos a serem executados, propiciando a fraternidade e o amor entre os irmãos.
O Livro da Lei, para o nosso espírito, significa a equidade e o traçado espiritual para o aperfeiçoamento do maçom.
Ele é o instrumento da Sabedoria que nos ilumina e nos guia, regulando a nossa conduta tanto no Maçonaria quanto na vida Profana.
Como dito, sobre o Livro da Lei são efetivados nossos juramentos, pois é o ponto culminante do cabedal interior para o recebimento da Verdadeira Luz.
A existência do Livro da lei sobre o altar dos juramentos representa um dos grandes Landmark's da Maçonaria, regramentos estes que retratam uma ordem maçônica completa, tanto do ponto de vista administrativo, quanto litúrgico e místico:
“É indispensável a existência no altar de um 'Livro da Lei'. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades da fé religiosa de seus membros, esse livro pode variar conforme os credos"
Este landmark nos fala do Livro da Lei, porém na verdade é o Livro Sagrado ou Livro da Lei Moral, Bíblia, Alcorão, Torá, Talmud, etc..., pois mais adiante no mesmo Landmark fala-se em fé religiosa e credos, portanto não caberia colocarmos como Livro da Lei, por exemplo, a Constituição Federal de nosso país ou mesmo a Constituição da Potência. Cada povo terá a presença do Livro Sagrado que representar a sua fé, pois a presença do Livro Sagrado (Livro da Lei Moral), constitui a prova da liberdade de culto, porque em cada País a Maçonaria terá o Livro da fé de seus membros. A leitura do Livro sagrado e ou Livro da Lei , dentro dos Templos, sempre constituiu parte importante e altamente cerimoniosa, porque a “palavra” foi dada para ser obedecida, e a renovação de sua leitura, sendo já conhecida por todos, no dia a dia, assume novos aspectos despertando assim, o homem por um caminho tranquilo e traçado em seu beneficio pelo Grande Arquiteto do Universo.
A leitura do Livro da Lei para abertura das sessões, portanto, é considerado liturgia de grande importância, porquanto simboliza a presença efetiva da palavra do Grande Arquiteto do Universo entre os Irmãos.
Segundo matéria da revista A Trolha, o uso do Livro da Lei foi estabelecido em 1717, por intermédio da Grande Loja da Inglaterra, apesar de haver referência ao seu uso a partir de 1670. 
Castelani afirma que:
“a leitura do salmo foi usada pela primeira vez, em meados do século XVIII, por algumas Lojas do Yorkshire, na Inglaterra, quando ainda nem havia um rito plenamente organizado. Em pouco tempo, esse hábito foi abandonado e, já a partir da adoção do rito Inglês de Emulation, (que indevidamente fala-se em “de York”) abria-se a Bíblia em qualquer lugar, sem leitura de versículos. Todavia, esse hábito foi retomado por algumas Grandes Lojas norte-americanas, principalmente a de Nova York. Nos EUA, no simbolismo, só se pratica o rito de York, pois o REAA só é praticado nos Altos Graus. Da Grande Loja de Nova York, por cópia, o salmo foi introduzido no Brasil e em algumas outras Obediências da América do Sul, no REAA. Neste, na verdade, tradicionalmente se abre o Livro em João e são lidos os versículos 1 a 5 do capítulo 1”.
Ao se aprofundar na pesquisa acerca do Livro da lei, percebe-se uma gama de autores que citam haver uma influência muito grande do Novo e do Velho testamento sobre a ritualística maçônica.
Exemplo clássico é a leitura do Salmo 133 que já era adotado desde 1128 pelos Cavaleiros Templários, nas suas cerimônias de iniciações, onde David enaltece a fraternidade citando Aarão no contexto dos Montes Sião e Hermon:
“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” Salmos 133:1-3
No mesmo sentido,  podemos citar alguns exemplos como:
BATERIA: “À porta do Templo (Lucas - cap. 11, ver. 09) - Batei e sereis atendidos. - Pedi e recebereis. - Procurais e achareis.”
INICIAÇÃO:
Viagens – “E guiarei os cegos pelo caminho que nunca conheceram, fá-los-ei caminhar pelas veredas que não conheceram; tornarei as trevas em luz perante eles, e as coisas tortas farei direitas. Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei.” Isaías 42:16
Purificação pela água e pelo fogo – “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Isaías 43:2
Nem nu nem vestido – “E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” Êxodo 3:5
 - “Então disse o Senhor: Assim como Isaias, meu servo andou três anos despido e descalço...”  (Isaias - cap. 20, vers. 03)
ESPADA FLAMEJANTE – O Venerável Mestre, depois de o iniciado receber a “Luz” o proclama Maçom, por três vibrações ou fagulhas do fogo divino. Simbolicamente morto para o mundo profano o iniciando se habilita para uma nova vida. “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.” Gênesis 3:24”.
SIGILO MAÇÔNICO – “Edificava-se o Templo com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se ouviu no Templo quando o edificavam.” (Reis III - cap. 06, ver. 07).
PEDRA BRUTA – “Chegando-vos para ele a pedra que vive, rejeitada pelos homens, mas para  Deus, eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual...”. (1º Livro-Epist. de Pedro – cap. 02, vers. 04 e 05).
A TAÇA SAGRADA – “Porque na mão do Senhor há um cálice, cujo vinho espuma cheio de mistura, dele dá a beber, servem-nos até escórias, todos ímpios da terra”.    (Salmo – cap. 75, vers. 08).
AMOR AO PRÓXIMO – O ritual do 1º Grau é abundante de citações de amor ao próximo. “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é que vos ameis uns aos outros”.  (1º livro – Epist. De S. João, cap.03, vers. 11).
OS TRES PASSOS DO APRENDIZ – Os passos em esquadria significam que o passo é justo, é reto. Significa que a retidão é necessária a quem deseja vencer na ciência e na virtude. “A vereda do justo é plana; tu que és justo, aplanas a vereda dos justos”. (Isaias – Cap. 26, vers. 07).
LOJA JUSTA E PERFEITA - Para uma Loja ser justa e perfeita é necessário sete Irmãos. “A sabedoria edificou a sua casa e lavrou suas sete colunas”. (Prov. – cap. 09, vers. 01).
A RECONCILIAÇÃO COM TEU IRMÃO - Maçom inimizado ou não reconciliado com seu Irmão não deve entrar em Loja. “Lembrarás que se teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com ele e então voltando, faça tua oferta.” (Matheus – cap. 05, vers. 23 e 24).
O OLHO QUE TUDO VÊ – “Os olhos do Senhor repousam sobre os justos e os seus ouvidos estão abertos a seu clamor.”.  (Salmos – cap. 34, vers. 15).
BENEFICÊNCIA MAÇÔNICA – “Quando, pois deres esmola, não toques trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola faça que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.” (Matheus – cap. 06, vers. 02 e 03).
TRANSMISSÃO DA PALAVRA SAGRADA - Segundo a lenda, quando da construção do Templo de Salomão, a Palavra dos Mestres era conhecida por três personagens que tinham o poder de comunicá-la de maneira que a ausência ou desaparecimento de um só dentre eles, tornava-se essa comunicação impossível. E, uma Loja, efetivamente, não poderá ser aberta sem a presença de no mínimo três Mestres. “Uma palavra me foi dita em segredo e os meus ouvidos perceberam o sussurro dela”. (Jó – cap. 04, vers. 12).
O Livro da Lei além de influenciar na ritualista maçônica, representa, portanto, o código moral e ética que deve prescrever a vida que cada um adota e a fé que nos governa.

A SIMBOLOGIA DA UNIÃO ENTRE O COMPASSO E O ESQUADRO
Como visto, o Compasso serve para nos manter nos limites devidos com toda a humanidade, principalmente nossos Irmãos da Maçonaria.
O Esquadro e o Compasso, quando unidos, regulam nossas vidas e ações. O primeiro representa a retidão da matéria de modo a se aperfeiçoar, enquanto que o segundo é um símbolo de energia funcional do espírito e que deve sobrepor-se à matéria, refletindo o aperfeiçoamento do maçom rumo à escada de Jacó.
Enquanto uma Loja estiver em funcionamento, as três grandes luzes da Maçonaria devem permanecer unidas.
No grau de Aprendiz, o Esquadro cobre os dois braços do Compasso, indicando que nesse grau não se pode exigir mais do neófito além de sinceridade e confiança, consequências naturais da equidade e da retidão .
Sendo o Compasso o símbolo do Espírito e o Esquadro o símbolo da matéria, no nosso grau de Aprendiz, a Matéria domina o Espírito, daí o Esquadro sobre o Compasso.
Assim, na marcha das trevas para a luz, encontra-se diversos símbolos, entre os quais as três grandes luzes de uma loja, que são: o Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei que devem estar sempre sobre o Altar dos Juramentos em Loja Aberta. O compasso (espírito) encontra-se coberto pelo Esquadro (matéria) significando que, no Aprendiz, ainda pedra bruta, o espírito ainda não conseguiu libertar-se do domínio da matéria .

DA CONCLUSÃO
Devido à extensão da história que deu origem aos símbolos mais usuais da Maçonaria, o presente trabalho limitou-se em realizar breves pinceladas dentro de minhas fronteiras acerca da importância da simbologia para compreensão do trabalho desenvolvido em Loja, tomando especial enfoque ao Rito Adonhiramita, ao grau de Aprendiz, à ritualística maçônica e ao significado espiritual e moral das Três Grandes Luzes da Maçonaria.


Fabrício de  Mello Marsango
Cascavel-PR

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOMAS, Robert, O Poder Secreto dos Símbolos Maçônicos. Ed. Madras, 2014, São Paulo.
REVISTA UNIVERSO MAÇÔNICO. O Significado da Estrela de Davi e do Hexagrama. http://www.revistauniversomaconico.com.br/esoterismo-e-astrologia/o-significado-da-estrela-de-davi-e-do-hexagrama/
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. 17ª edição - 06/2011. Editora Pensamento, 2011, São Paulo.
BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. 15ª reimpressão - 07/2013. Ed. Pensameto, 2013, São Paulo.
GOMES, Pinharanda. A Regra Primitiva dos Cavalheiros Templários. Ed. Hugin, 1990, Lisboa, Portugal.
Revista A TROLHA, ago. /97;

terça-feira, 15 de abril de 2014

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - UMA VISÃO MAÇÔNICA

A maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas modalidades; é uma escola mútua que impõe este programa: (…) trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano...

  Reza o ritual do Aprendiz Maçom do R.E.A.A. adotado pela Grande Loja do Estado Do Rio Grande Do Sul, que a "maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas modalidades; é uma escola mútua que impõe este programa: (...) trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano (...)". Mais adiante, uma frase, que particularmente reputo como uma das mais ricas e mais representativas de nossos verdadeiros objetivos: "(A Maçonaria) É uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião".
   "Felicidade do gênero humano" e " tornar feliz a humanidade". Não raro, em todas as obras e rituais maçônicos, deparamo-nos com a palavra "humanidade". A idéia do valor intrínsico da pessoa humana, encontra suas origens no pensamento clássico e no ideário Cristão. Na cultura ocidental, diversas referências encontramos sobre a criação do homem " à imagem e semelhança de Deus", premissa de que foi extraída a idéia de que todo ser humano é dotado de um valor próprio, intrínseco, na figura de uma só pessoa humana está representada toda a humanidade.
    Ao longo da história, podemos comparar a evolução da espécie humana com a idéia do que a humanidade pensa sobre sua própria condição existencial. No pensamento estóico, verificado nas clássicas tragédias gregas, , já estava patente que o ser humano possuía uma dignidade que o distinguia das demais criaturas, no sentido de que todos são portadores da mesma, em que pese as diferenças sociais e culturais. Mesmo durante o medievo, Tomás de Aquino continuou sustentando a divindade da "dignitas humana". Immanuel Kant sustenta que o homem não pode ser tratado - tem mesmo por ele próprio - como objeto, pois em si está representada toda a humanidade. Os ideais da revolução francesa, com seu tríplice "Liberdade, igualdade e fraternidade", foram uma espécie de condensação de todo um pensamento filosófico produzido pela humanidade ao longo de sua existência.
    No moderno pensamento filosófico e social, a questão da dignidade da pessoa humana está cada vez mais, ocupando espaço como a questão fundamental, pilar de toda existência social, não obstante flagrantes situações de desrespeito individual à condição humana, como bem vimos nos recentes conflitos que permearam o Séc XX. Mas, repito, desrespeito individual, uma vez que praticados por grupos contra grupos. A utópica realização plena da dignidade da pessoa humana continua a ser incansavelmente buscada pelas relações sociais e jurídicas de grupos de nações e grupos de pessoas, mesmo que entre este último, inconscientes de sua própria busca. Quanto à característica utópica dessa busca, lembro-me vagamente das palavras de Galleano, que situa a utopia no horizonte de suas intenções. A cada dez passos que tenta aproximar-se desse horizonte, dez passos ele se afasta. Vinte passos, e vinte passos afastados. Pergunta-se: "Mas afinal, porque a busco? Qual o objetivo de sua existência, se já me convenci de que é inalcançável?" E responde-se: "Seu objetivo é exatamente este, obrigar-me a dar os passos."
    E a Maçonaria atual, em que ponto desta busca utópica se situa? Qual sua atuação no sentido de colaborar, enquanto Ordem, no reconhecimento universal da Dignidade da Pessoa Humana? A história é rica em relatar a participação de Maçons enquanto indivíduos, e da Maçonaria enquanto instituição, na petrificação dos ideais humanitários. A revolução Francesa, o abolicionismo da escravatura no Brasil, os diversos fatos e atos de ilustres maçons no reconhecimento e na implementação de um Estado igualitário, justo e perfeito.        Ao lapidar a pedra bruta em que se reconhece, o Maçom tem por dever aparar as mundanas arestas que o tornam falível enquanto indivíduo, para que em si possa espelhar todo o valor da humanidade plena. Tem por dever absoluto preparar-se para ser o ponto reflexivo de tudo que em si representa esta idéia.
    Ao jurarmos " ... conservar-me sempre cidadão honesto e digno, (...), nunca atentando contra a honra de ninguém...", estamos perante o Grande Arquiteto do Universo, prometendo envidar todos os esforços no sentido de valorizar um dos aspectos mais marcantes inerentes à dignidade da pessoa humana: A honra. Honra e Dignidade são palavras quase que sinônimas, pois encerram valores magnos pertinentes e exclusivos do ser humano.
    Dignidade, ou honra neste caso, são amplamente garantidas na Carta Constitutiva do Brasil, e em quase todas as Constituições do mundo livre, em suas cláusulas imutáveis, ou pétreas. Mas como transformar a utópica afirmativa impressa na Constituição em fatos concretos, no nosso dia a dia? Não podemos mais, a exemplo do passado, destinar o Tronco de Solidariedade para a compra e alforria de um escravo, ou fomentar revoluções libertárias no interior de nossos templos.
    Não podemos mais ficarmos adstritos aos Templos, enquanto lá fora a sociedade a qual pretendemos modificar através de nosso interior aperfeiçoamento, peca pela omissão quanto ao respeito a essa Dignidade. Quantas e quantas vezes, ao final de uma sessão, após um lauto ágape, embarcamos em nossos carros e, na primeira esquina, olhamos indiferentes ao ser humano, descalço, que implora ao "tio" uns trocados? Quantas e quantas vezes, enquanto cidadãos, encaramos impotentes e apáticos a ação do Estado contra as minorias menos abastadas? Quantas e quantas vezes, passamos por um animal maltratado e ficamos penalizados com sua situação, e quando olhamos nosso semelhante, não damos a devida atenção?
    Ora, direis, contar estrelas... Quão inócuo é a observação dos problemas sem a devida apresentação de soluções práticas, e quão fácil é o tratamento filosófico a uma situação real. Mas a Maçonaria, se não esquecesse que a utopia é inatingível e não desse os primeiros passos rumo ao horizonte utópico, não teria como contabilizar entre seus feitos, uma revolução francesa, uma abolição da escravatura, e tantas outras ações tomadas a partir de um ideal humanitário. A nós, modernos Maçons, restam ainda muitos caminhos a serem trilhados. Se, unidos tal nossa simbólica Cadeia de União, agregarmos esforços conjuntos e reconhecermos nosso papel na luta pela Dignidade da Pessoa Humana em termos contemporâneos, ou seja: a garantia à vida, à saúde, à alimentação, à moradia, e à uma existência plena, estaremos justificando às gerações maçônicas passadas, e quiçá, às futuras, nossa razão de existir.
    A proposta atual, e factível, é a educação da geração vindoura. Que nossas Lojas, nossos Maçons, aproveitem instituições já consagradas como apoio à educação infanto-juvenil, tais como o escotismo, os De Molay, as APJ's, os Amigos da Escola, as Filhas de Jó, e outras, para que através de doações individuais ou enquanto Ordem - e tais doações não necessariamente financeiras - possam trabalhar valores que, num contexto a médio e longo prazo, farão a diferença na plena, e aí sim, concreta, valorização da Dignidade da Pessoa Humana.

Marcio Ailto Barbieri Homem - PORTO ALEGRE  - RS